A indústria cultural - Adorno e Horkheimer

Fichamento de Bruno Alcantara

Última atualização: 22 de junho de 2025

Dialética do Esclarecimento, A indústria cultural — T. Adorno e M. Horkheimer (1)

  • Esquematismo da produção: a arte ressurge ciclicamente variando somente na aparência — os detalhes são fungíveis. Tudo fácil de memorizar com clichês prontos que são empregados arbitrariamente pela finalidade que lhes cabe no esquema.
  • Há uma expectativa de que tudo se repita, e a confirmação dessa expectativa é bem-vinda por quem consome o produto cultural
  • A “Idéia abrangente” estabelece a ordem.
  • A técnica deve duplicar os objetos empíricos, de forma a possibilitar a formação da ilusão de que “o mundo exterior é o prolongamento sem ruptura do mundo que se descobre no filme“. O espectador é, assim, adestrado a identificar a obra com a realidade: redução da imaginação e da espontaneidade do consumidor cultural em razão da constituição objetiva do produto
  • A soma de produtos culturais aos quais o espectador foi exposto possibilita que os efeitos particulares da maquinaria se dêem mesmo sem a completa imersão de quem assiste: “até mesmo os distraídos vão consumi-los alertamente“.
  • Cada produto é um modelo da maquinaria completa, isto é, “cada manifestação da indústria cultural re­produz as pessoas tais como as modelou a indústria em seu todo
  • As incorreções calculadas, pelos avessos à indústria cultural, “apenas confirmam ainda mais zelosamente a validade do sistema“.
  • A conciliação “vazia” entre o universal e o particular; da regra e da pretensão espe­cífica do objeto é o que dá substância ao estilo; implica na possibilidade de substituição entre o universal e particular e vice-versa. Caricatura do estilo. Como consequência, o estilo autêntico do passado se torna transparente na indústria cultural e um equivalente estético da dominação.
  • Noção de “verdade negativa” — grandes artistas. Forma de empregar o estilo como uma “atitude dura contra a expressão caótica do sofrimento“. O estilo não se conforma por leis meramente estéticas
  • Estilo menos relevante para grandes artistas do que a lógica do tema. Desconfiança.
  • A arte através do estilo promete instituir a verdade, por isso revela a sua pretensão de ideologia.
  • A obra de arte possui um elemento inseparável do estilo que a faz transcender a realidade. mas o estilo deve aparecer em “a discrepância, no necessário fracasso do esforço apaixonado em busca da identidade“, e não como realizador da “harmonia” (“a unidade problemática da forma e do conteúdo, do interior e do exterior, do indivíduo e da sociedade“)
  • a obra medíocre sempre se ateve à semelhança com outras“, mas “A indústria cultural acaba por colocar a imitação como algo de absoluto“, pois reduzida ao estilo. Eis a preocupação do autor com “as criações do espírito desde que foram reunidas e neutralizadas a título de cultura“. A cultura, quando contém tudo que há para conter de si de antemão (o que é o contrário do que se fala por cultura), é industrializada e conseqüente.
  • O único fim da “produção espiritual”, na indústria cultural, se torna ocupar os sentidos do homem entre jornadas de trabalho, o que estranhamente realiza o conceito da cultura unitária que os filósofos da personalidade opunham à massificação — não pelo cultivo da personalidade como forma de libertação, mas pela dominação.

(1) ADORNO, T. W.; HORKHEIMER, M. A indústria cultural. In: ADORNO, T. W.; HORKHEIMER, M. Dialética do Esclarecimento. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Editor. p. 117-123.

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